São Paulo -- Uma startup gaúcha vem fazendo sucesso com uma solução inovadora para substituir o telefone fixo. Chamado
Pligg,
o produto combina preço baixo com facilidade de uso. Lançado no início
do ano, ele já tem 10 mil usuários, muitos deles em cidades menores,
onde outras opções são caras ou inexistentes.
Tecnicamente, o Pligg é similar a outros serviços de
VoIP,
a telefonia via internet. A inovação está na forma como ele é
empacotado e vendido. O produto inclui tanto o serviço como o adaptador
para ligação de um telefone comum a um
computador (via porta
USB).
Ele foi concebido para que o próprio usuário faça a instalação. O pacote
custa 119 reais e já inclui 6 meses de ligações ilimitadas para
telefones fixos no Brasil e para qualquer número nos Estados Unidos.
Depois, o usuário passa a pagar 14,99 reais por mês.
Ligações para celulares brasileiros e para outros países dependem da
compra de créditos pré-pagos. Quando faz a ativação do Pligg, o usuário
passa a ter um número para receber chamadas.
Para isso, o computador precisa, é claro, ficar ligado e conectado à
internet. A Pligg tem um projeto de outro adaptador, que vai se conectar
diretamente à rede local de dados, dispensando o computador. Vai ser
mais caro que o modelo atual. Por isso, seu lançamento ainda deve
demorar um pouco.
Naturalmente, quem tem um
smartphone conta com outras opções para fazer ligações baratas ou gratuitas de longa distância, como
Skype,
Viber e, no caso do iPhone, FaceTime. Paulo Logemann Saraiva, fundador e
CEO da Pligg, vê quatro tipos de público para seu serviço.
O primeiro são residências da classe C, que são 60% da clientela. “Meu
maior concorrente, nesse segmento, é a NET, mas eles cobram 39,90 por
mês pelo NET Fone. E muitos dos nossos clientes estão em cidades do
interior aonde a NET não chega”, disse ele a EXAME.com.
O segundo público-alvo são as pequenas empresas como farmácias,
pizzarias e lojas. O terceiro são brasileiros que moram no exterior ou
viajam muito. “Na semana que vem, vamos começar a vender o Pligg nos
free shops dos aeroportos”, diz Saraiva.
Por fim, ele enxerga, como potenciais clientes, 4 milhões de residências
na zona rural e em cidades com menos de 20 mil habitantes que não têm
telefone. Para as grandes operadoras, esse é um nicho do mercado. Para a
Pligg, é um público enorme.
“O serviço exige apenas 28 Kbps de banda. Temos um cliente que é cacique
de uma aldeia indígena na Bahia. A aldeia tem acesso à internet via
rádio, mas não tem telefone. Então, ele usa o Pligg”, conta Saraiva.
A inspiração para a criação do Pligg veio do magicJack, produto similar
que já teve mais de 10 milhões de unidades vendidas nos Estados Unidos.
Saraiva conta que levou dois anos para implantar o negócio. Ele tem como
sócio investidor João Cox, que já foi presidente da Claro.
“Passei três meses na China e cheguei a falar com 50 fabricantes até
encontrar um que pudesse produzir o Pligg. Tivemos a consultoria de uma
empresa do Leste Europeu”, diz. Uma das etapas mais demoradas foi obter
licenças da Anatel para o adaptador e os serviços de
telecom.
Isso levou cerca de um ano. A Pligg também investiu no design do
aparelho. “O magicJack tem aparência um pouco tosca. Queríamos algo mais
atraente. E até ganhamos um prêmio de design com o Pligg”, diz Saraiva.
Com sede em Porto Alegre, a Pligg tem apenas dez funcionários. “Call
center, fabricação, logística -- é tudo terceirizado. O que fazemos é
gerenciar as relações com fornecedores. Podemos aumentar nossa base de
clientes de 10 mil para 100 mil com os mesmos dez funcionários”, afirma
Saraiva.